Poemas








da Série “ESCADA




EPÍGRAFE

“qualquer amor
 já é um pouquinho
 de saúde

 um descanso
 na loucura”

     Guimarães Rosa
     na voz de
     Bethânia



I.

na madrugada
parecendo adolescente
se escondendo da mãe

por um momento
minha



II.

me pego
no meio
da escada

subo? desço?
falo? não falo?

ela já sabe?

falar será impulso?
      será atitude?

envio?

quantas perguntas tem
uma única certeza?!?!?



III.

silêncio verbal:
porque é preciso
ser diálogo



IV.

nossa história
eu não sei

se estamos
em quadrilha
drumoniana?
não sei

entretanto

tua presença
me basta



V.

se você rir
não conto

se bobo me achar
não conto

se me chamar de chato
não conto

(silêncio)

pronto,
contei!!!



VI.

não é
a alho & óleo

talvez
falte um pouco
de sal

mas
espero
que você goste!



VII.

se tivesse meus olhos
perceberia
que minha distância
é mera ilusão



VIII.

falar
eu te amo

e aguentar
as consequências

do não



BÔNUS
(impulso)

saiu
quando percebi
já havia saído

quis voltar
apagar os rastros

mas teus ouvidos
são mais atentos
que minhas palavras



.....................................................................................................
.................................................................... (2012) ......................
................................................................................ semestre 1 ....






AVENOITE


I
a chave
de tua porta
te abre
a noite

tua avenoite
observa
a rua


II
divides
teu corpo
parada
desse
jeito
no portão

ou não sabes
que portão
é limite
territorial
entre casa e bar?


III
nem toda lua
é radical musa


IV
sede:
ver-te novo
minha
verde nave

vero:
cervejas em
aerocorpos
eternachama


V
vida
floresce

íntimo
exposto

pedes
mais
uma


VI
não me olhes assim
irresponsável
mente linda
pois a noite
é ávida
por aventuras
de asas carentes


VII
noite & bar
aves
noturnas

o cio:
fusão de aves


VIII
filósofos
grávidos de cio
anseiam
mudar o país


IX
na troca
de olhares
uma ave
enigmágica
alça vôo


X
ser:
tudo é avenoite


XI
habitar
cada espaço
de teu universo
até explodir
em gozo


XII
- cadê a noite
que estava aqui?

- a manhã comeu!



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FRESTA

lua é risco no céu
abertura em manto azulado

e se por esta abertura
estiver alguém a nos ler?

duplo risco



MOLDURA

linha do horizonte
perspectiva
tonalidades

tivesse um click
te emoldurava
esta paisagem



EXPRESSIONISTA

em noites de lua
tempero meus uivos
com a tua carne



LÁBIOS

no viver de teus lábios
os segredos
de um doce mergulho



JURA

a partir
desse momento
não existe eu
não existe você
- existimos!



RAÍSA

plantamos
teu colo
no ventre da lua

e em
nosso jardim
choverá estrelas



SEM TÍTULO

dragões
são pedras
preciosas
a serem
lapidadas



RIMAS

ventre é
uni verso
onde estrelas
e buracos negros
podem rimar



BANHO NA CHUVA


despir-me desses
conceitos

saber da uva
na chuva

transpor já
nela

inventar o vinho
e saciar-me
de liberdade



ÁGUA E VINHO


egberto:
água e vinho

gismonti:
som e lábios

do milagre
de fazer
da água o vinho

ao beber
o vinho
da água amante

amada
ardente



VÍCIO


cai a noite
rol de canções
eu preciso
você me cante

varo a noite
rol de canções
eu prefiro
você encante

vai a noite
rol de canções
eu sugiro
você avante

varro a noite
sol de canções
esse vício
é meu amante



RÉUS


teu olhar
é réu culpado, menina
de tudo que nos rolou

teu olhar
é meu pecado, menina
em tudo que se julgou

talvez seja
a frágil base, menina
a verdadeira ré

talvez seja
o meu ocaso, menina
sentenciada fé

todo dia
sou cativo, menina

belo dia
eu te cativo, menina



ETÊRMERO


a madrugada é longa
como a bola de neve

amar você é fascinante
e perigoso

como a madrugada

como a bola de neve



MISTURA

às vezes eu
......................
às vezes você
..........................
às vezes
fica assim:
ambos
...............................
mistura de seres



SURPRESA

era eu tua caixinha de surpresa
a negar teus lábios ardentes
quando um senhor do tempo
singelo e irônico
trouxe-me o arrependimento
e não o respeito
que eu tanto acreditava



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